Com respeito ao sábado, o Dr. Hans LaRondelle escreveu: “Desde o princípio, o sábado foi criado para dar espaço à comunhão santificadora de Deus com o homem” (Christ Our Salvation, p. 70 – tradução livre).

Essa sentença nos leva a pensar em Adão e Eva na perfeição de sua criação. As palavras do Senhor, de que Ele deu o sábado a fim de que pudéssemos saber que: “Eu sou o SENHOR, que vos santifico”, têm um significado especial para a humanidade caída. Porém, Adão e Eva foram criados santos. Por que eles precisavam de “comunhão santificadora com seu Criador?”.

Separados da criação dos animais, os seres humanos foram criados com habilidades maravilhosas. Eles poderiam pensar, que é a razão da causa para o efeito, e então criar ideias que não tinham anteriormente. Como administradores de seu jardim e da terra, eles tinham escolhas a fazer.

Como todos os seres humanos, eles foram dotados de curiosidade. Eles tinham a exuberância da juventude. Havia muitas coisas para eles verem. Havia muita coisa que eles podiam fazer e desfrutar. Seus dias deveriam parecer muito curtos para eles fazerem tudo o que queriam fazer.

Seus dotes maravilhosos e criação fantástica ao seu redor poderiam facilmente absorver todos o seu pensamento e tempo. Suas habilidades e o prazer e o estudo do mundo natural não deveriam ser o único grande alvo de sua vida, pois isso os separaria de seu Criador. Para Adão e Eva, e certamente para todos os seres humanos, para viver e funcionar adequadamente, é necessário um relacionamento, uma unidade, com o Criador.

 

O PERIGO

As seguintes palavras do Dr. Edward Heppenstall descrevem o perigo que existia para Adão e Eva. Criados à “imagem de Deus”, com tão grandes possibilidades diante de si, eles poderiam se esquecer de Deus.

“O homem nunca deve ser considerado como separado de Deus. O homem não possui qualidades pelas quais ele funciona independentemente de Deus”.  (“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” Atos 17:28). “No instante em que o homem é considerado como independente de Deus, ele destrói sua identidade. Não mais pode ver a si mesmo e entender a si mesmo como homem.” (Ver João 15:5; 17:21-23; Efésios 1:10; Isaías 14:12-14 citados.)

“Satanás destronou Deus em sua vida e colocou-se lá (no trono). Essa reivindicação de uma vida independente de Deus foi uma declaração de guerra contra o Criador do Céu e da Terra. Essa guerra começou no Céu e avançou para a Terra (ver Ap 12:7-9)” (Edward Heppenstall, Salvation Unlimited, p. 8, 11).

A teoria da Evolução e também o “Naturalismo” declaram a independência de Deus. Eles ensinam que tudo o que existe é o universo físico, e que toda a verdade deve vir da experiência humana e do estudo do mundo físico. Por mais de um século, essas teorias dominaram a aprendizagem e o ensino. O resultado é uma sociedade amoral na qual cada indivíduo decide por si mesmo o que é certo. A sociedade humana não pode existir em paz e segurança em tais circunstâncias.

 

A PROVISÃO DE DEUS

Gênesis 1:31 diz: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia”. Em seis dias, a criação física estava completa. Então, por que Deus não determinou uma semana de seis dias?

É porque os seres humanos precisam de mais do que a criação física pode dar. As posses, as coisas materiais são inadequadas para suprir as necessidades dos seres humanos que foram feitos à imagem de Deus. “O homem não vive apenas de pão.” A prescrição de Deus é que precisamos romper com as coisas do tempo e do espaço e precisamos de comunhão com nosso Criador e Redentor. 

Naquele primeiro sábado, Adão e Eva aprenderam quem eles eram e de onde vieram. Eles começaram a entender sua posição e propósito na Terra. Somente em união com Deus, Adão e Eva poderiam compreender a plenitude de tudo o que os seres humanos foram criados para ser. Somente ao estarem unidos com Deus, os seres humanos poderiam ser mantidos moralmente santos. Nunca foi propósito que o homem fosse independente de Deus. De todos os prazeres que Adão e Eva encontraram diariamente, eles deviam ter um descanso semanal. Esse descanso em Deus era para seu próprio bem. Deviam conservar-se ligados a seu Criador. Eles precisavam de “comunhão santificadora com seu Criador”. Então, por Suas ações e Suas palavras, Deus “criou o sábado” (Gn 2:1-3).

O sábado não foi designado como foram os dias de festa. Ele foi feito por um ato de Deus. Tão certamente quanto as árvores, os animais e todas as coisas foram criados por Ele, de igual forma, o sábado, o sétimo dia, existe pela criação de Deus (Gn 2:1-3). Jesus disse: “O sábado foi estabelecido por causa do homem” e Ele é o seu Senhor (Mc 2:27, 28). Cristo é o Senhor do sábado. Ele, não os fariseus, nos mostra o seu propósito. É para o nosso bem. Ele, não os fariseus, nos mostra como “guardá-lo santo”.

Ele Se encontrou com Seu povo. Ele os ensinou. Sua presença operou o milagre de vidas transformadas (Lc 4:16, 31-35). Pense nos primeiros discípulos que O seguiram em Seu ministério. Eles experimentaram o sábado de uma forma nova e abençoada. Era tão diferente da guarda do sábado conforme prescrita pelos fariseus. Para eles, o sábado se tornou um dia de refrigério. Deus estabeleceu esse tempo semanal para estarmos com Ele. Ele é tão necessário quanto o ar que respiramos, como o alimento e a família.

Pense no que nosso Deus nos deu. Muitos adultos, olhando para trás, dizem: “O papai estava sempre trabalhando e nunca separava tempo para estar conosco. Ele nos deu coisas, mas eu realmente não o conheço”. Nosso grande Criador dedica tempo em Sua administração do universo para comunhão semanal especial com Seu povo de fé.

O sábado da criação nos diz: “não estamos sozinhos”. Não é como Jacques Monod, cientista e laureado Nobel francês, escreveu: “Finalmente, o homem sabe que está sozinho na imensidão infinita do universo” (Chance and Necessity). Ele queria que acreditássemos que nossa existência é o resultado de acontecimentos improváveis do acaso. Que estamos à deriva em um vasto universo sem propósito ou significado para nossa existência, salvo pelo que nossa imaginação pode prover.

Como teria sido se Adão e Eva despertassem e não conhecessem qualquer outro ser? A sensação de estar sozinhos, totalmente sozinhos, em um novo lugar do qual você não conhece nada é uma situação assustadora. No que eles teriam se tornado? Tudo o que eles poderiam fazer era aprender com o que os animais estavam fazendo e responder de acordo. Naquele sábado da criação, eles aprenderam que não estavam sozinhos. Mais do que isso, eles experimentaram que o “Deus Criador” também era “Pai”.

 

O SÁBADO DA CRIAÇÃO HOJE

“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. […] Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão” (Hb 4:9, 14).

Lúcifer disse: “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”, e para Eva: “Você será como Deus” (Is 14:14; Gn 3:5).

A independência de Deus surge do culto a si mesmo e resulta em pecado. A independência de Deus rompeu a linha vital que Adão e Eva tinham com Deus. Ela resultou em decadência e morte. É a causa de todo o mal.

Por Sua vida e morte, Jesus Cristo Se tornou a nova “linha vital de comunicação”. Agora, como nosso Grande Sumo Sacerdote, “[…] também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, […]” (Hb 7:25).

Guardar o sábado em Cristo é uma questão de fé em Cristo. As pessoas precisam conhecer a bênção do descanso no sábado de Deus. Quando participamos do descanso do sábado de nosso Senhor, ele se torna o sinal de nossa fé em Deus, de nossa dependência de Deus, como o Criador, Redentor e Salvador da raça humana. O poder que dá vida aos que estavam mortos no pecado, e resulta no “novo nascimento”, é o mesmo poder pelo qual todas as coisas foram criadas e que ressuscitou Jesus dos mortos (Ef 2:5; 1:19; Jo 3:3, 5, 6).

Como Criador, Deus também é uma grande questão na ciência. Não devemos negar nosso “Criador e Redentor”. O apelo final de Deus ao mundo é: “Temei a Deus e dai-lhe glória, […]; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7).

“Lembrar-se de guardar o sábado como santo” é o testemunho da fé que Deus é o Criador. É testemunhar de Cristo e da salvação que Ele proveu a nós por Sua morte na cruz. É testemunhar que é Seu poder que nos torna uma nova pessoa. Ele nos ressuscitou e nos permite viver diariamente em “novidade de vida” (Rm 6:4, 11). Ele é quem nos santifica e é “poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória” (Jd 24, 25).

Unicamente Deus pode tornar alguém santo. “Também lhes dei os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica” (Ez 20:12). Há uma obra especial que Deus realiza nos crentes quando estes, põem de lado seus negócios e atividades e concentrando-se no Senhor Jesus Cristo, lembram-se do dia de sábado para o santificar.

Toda a vegetação em crescimento se volta para a luz. Dessa forma, a energia do Sol provoca mudanças na planta. Portanto, o sábado nos chama a deixar de lado as atividades semanais que consomem nosso tempo e a nos voltarmos totalmente para nosso Senhor e Salvador. Ao contemplá-Lo, em Sua palavra, em Suas obras na natureza e em Sua obra por nossa salvação, mudanças ocorrem em nós. Em 2 Coríntios 3:18, lemos que estamos sendo transformados ao adorá-Lo!

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5:17). O sábado é e sempre será parte da criação original de Deus e de Sua nova criação (Is 66:23).

 

 


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