Introdução
1. O Debate da Evolução x Criação
Durante o ano de 2009 pessoas ao redor do mundo celebram o 200° aniversário do nascimento de Darwin e o 150° aniversário da publicação de seu mais importante livro, A Origem das Espécies.
Aqui estão algumas opiniões quanto ao debate da evolução versus criação e sobre alguns conceitos relacionados, tais como a queda do homem. Todas as citações a seguir procedem de pessoas que se consideram cristãs:
Francisco J. Ayala, cientista e filósofo escreve: “A evidência da evolução é esmagadora…” [1] “Que a evolução ocorreu… é um fato.” [2] “A maior realização de Darwin foi mostrar que a organização complexa e funcional do ser humano pode ser explicada como resultado de um processo natural, seleção natural, sem qualquer necessidade de recorrer a um Criador ou outro agente externo.” [3]
Por outro lado, o cientista Cornelius G. Hunter assegura: “Como então a evolução pode ser um fato, se até mesmo a evidência positiva não a apóia muito bem? A questão é que a evolução é considerada um fato porque os darwinistas acreditam que refutaram a alternativa: a criação divina.” [4] “O Darwinismo depende da religião, mas somente para superar a teoria oposta…. A evolução, por falta de provas, se torna o filtro explicativo para tudo que observamos na natureza, não importa quão inadequado é o ajuste. [5]
O cientista-teólogo inglês Arthur Peacocke toma uma posição diferente. Ele declara: “A morte biológica não pode ser considerada, de forma alguma, a conseqüência de qualquer coisa que os seres humanos supostamente fizeram no passado, pois a história evolutiva mostra que ela é a forma exata por meio da qual eles surgiram… A interpretação tradicional do terceiro capítulo de Gênesis de que houve uma ‘Queda’ histórica, uma ação dos nossos progenitores humanos que é a explicação da morte biológica, deve ser rejeitada… Não houve uma era áurea, nem passado perfeito, nem as pessoas ‘Adão’ ou ‘Eva’ de quem toda a humanidade descendeu e definhou, e que foram perfeitos em seu relacionamento e comportamento.” [6]
O teólogo Christopher Southgate fala sobre “um falso e igualmente não científico apelo para a queda histórica”. [7] E a filósofa-teóloga “Patrícia A. Williams objeta às narrativas da queda… De seu ponto de vista elas são uma má interpretação de Genesis 2-3, que [de acordo com ela] foram mal-interpretadas muito tempo atrás por Paulo a fim de prover a ‘catástrofe’ da qual o evento de Cristo é a nossa ‘salvação'”. [8] Pelo menos, ela deixa claro que: Se não houve criação, não houve queda, e a vinda de Jesus não significou salvação do pecado para a humanidade. Muitos cristãos são inconsistentes de acreditar em Jesus como Salvador enquanto negam a Jesus como Criador.
2. Colossenses 1:15-20
Agora vamos deixar todas essas opiniões e ouvir a Bíblia. Em Colossenses 1:15-20encontramos um dos maravilhosos hinos de Paulo sobre Jesus Cristo:
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
I. Contexto
1. O Contexto Histórico
Colosso era uma cidade cerca de 18 km de distância de Laodicéia e 21 Km de distância de Hierápolis com suas fontes termais. Ainda sabemos sua localização. Caminhei pela colina onde pelo menos parte do Colosso foi enterrada. Nenhuma cidade moderna foi construída em cima de suas ruínas. Todavia, Colosso não foi escavada.
A igreja cristã em Colosso foi provavelmente fundada por Epafras. Aqui também aconteceu a famosa história envolvendo Filemon e seu escravo fugitivo, Onésimo, convertido por Paulo em Roma. Mas a igreja estava lutando com falsos ensinos.
Não sabemos a exata natureza desta heresia, mas podemos reconhecer alguns elementos ao olhar para a refutação de Paulo. A carta ao colossenses retrata Jesus nos mais altos termos. A heresia deve ter rebaixado a preeminência de Jesus.
Em Col. 2:8 Paulo exorta contra a “filosofia e vãs sutilezas” que podem indicar elementos Helenísticos nessa heresia. De acordo com Col. 2:8 anjos estavam sendo adorados. “Rudimentos do mundo” ocorrem em Col. 2:8-20.
Formas extremas de asceticismo associadas com experiências místicas podem ter acompanhado esta heresia (Col. 2:16), e finalmente, a heresia pode ter contido elementos judaicos como a circuncisão (Col. 2:11; 3:11) e referências as festas (Col. 2:16). Paulo também menciona a “tradição humana”. Provavelmente, o falso ensino foi uma mistura de idéias judaicas e pagãs, atrativas a muitas pessoas.
Como ajudar a igreja? A luta de Paulo pelos cristãos em Colosso é reconhecidamente correta, desde o início de sua carta quando fala sobre a verdade (Col. 1:1-6), sobre os fiéis ensinos de Epafras (1:7), e seu próprio desejo de que os cristãos de Colosso crescessem no conhecimento de Deus (1:9, 10). A solução para o problema de heresia está em Jesus, na correta compreensão de Sua natureza e ministério, e em seguir o exemplo do mestre.
2. O Contexto Literário
Após uma pequena abertura de saudação em sua carta (Col. 1:1-2) Paulo expressa gratidão e ora pela igreja (Col. 1:3-14). O parágrafo termina com uma mensagem tranqüilizadora sobre a certeza da nossa salvação e do perdão dos nossos pecados (Col. 1:13-14).
Como esta redenção se tornou possível? Ela se tornou uma realidade através de Jesus. No hino que se segue, Paulo agora se demora em Jesus, louvando Sua obra e supremacia (Col. 1:15-20).
II. O Texto
1. A Estrutura
A primeira parte deste maravilhoso hino enfatiza Jesus como Criador (v. 15-16):
“Este é… o primogênito de toda a criação;
pois, nele, foram criadas todas as coisas….
Tudo foi criado por meio dEle e para Ele. (v. 15-16)
O hino termina de modo paralelo (v. 18b-20) com Jesus como o reconciliador e redentor “havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz”:
“Ele é… o primogênito de entre os mortos…
Porque aprouve a Deus que, nEle, residisse toda a plenitude…
por meio dEle, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas…” (v. 18b-20)
Note:
(1) Existe o primogênito de toda a criação e o primogênito da morte.
(2) NEle e por meio dEle todas as coisas foram criadas. Por outro lado: nEle, reside toda a plenitude e por meio dEle concilia-se consigo mesmo todas as coisas.
(3) Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra. E por meio dEletodas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus foram reconciliadas.
A mesma pessoa que criou todas as coisas foi capaz de reconciliar todas as coisas através de Seu sangue derramado na cruz.
A seção central do hino, versos 17 e 18, enfatiza que todas as coisas são mantidas nEle. Jesus é o sustentador. Tudo é dependente dEle e de Seu cuidado.
O hino sobre Jesus retrata toda a sua grande realização como criador, sustentador, e redentor de todo o cosmos. Estes aspectos da obra de Jesus não podem ser separados um do outro.
2. Jesus como Criador
a. A Perspectiva Única do Novo Testamento
O NT adiciona uma dimensão única ao assunto da criação no AT. Sempre buscamos ter em vista tanto o AT como o NT quando se trata do ensino bíblico. E isto é bom.
Mas imagine se tivéssemos apenas o AT. O que ouviríamos sobre a criação seria impressivo. Seríamos informados que Deus criou tudo incluindo a humanidade. Essa criação era bem recente, vários milhares de anos atrás, e levou apenas uns poucos dias para ser completada. Depois, a queda mudou não somente o relacionamento da humanidade com Deus e introduziu a morte à criação, mas também alterou todo o ecossistema.
Contudo, sem o NT alguns aspectos da criação não seriam completamente claros. Embora o AT aponte para Cristo como o Criador de forma obscura (ex.: o plural em Gên. 1:26), é o NT que descreve claramente que Jesus Cristo, totalmente humano e totalmente divino, é o Criador de todas as coisas (João 1:3; Col. 1:15-16; Heb 1:2, 10). Estes textos excluem Jesus do reino dos seres criados. Sua função não se resume em trazer salvação. Ele também nos criou e tem um interesse pessoal em cada um de nós. Além disso, a perspectiva cósmica, que inclui mais do que a criação que encontramos, é claramente descrita no NT.
Jesus também nos deixou declarações pessoais sobre a criação, por exemplo, quando disse que o sábado foi feito para o homem (Mar 2:27-28), ou quando confirmou o relato da criação: “…desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne…” (Mar 10:6-8). Em outro lugar, falou do “princípio do mundo, que Deus criou” (Mar 13:19). Mencionou também, Abel, o filho de Adão e Eva e o reconheceu como uma pessoa real que viveu na terra (Mat 23:35).
Os autores do NT seguiram o exemplo de Jesus e continuamente uniram criação, queda, e salvação. Um depende do outro. Sem criação, não há salvação. De acordo com o último livro da Bíblia, em um período de crise o povo de Deus no tempo do fim chamará toda a humanidade de volta à adoração a Deus como Criador.
Vamos agora retornar ao texto e ver o que ele diz sobre Jesus. Todas as frases de algum modo se relacionam ao conceito da criação.
b. Jesus em Col. 1:15-20
(1) A Imagem de Deus
Col. 1:15: “Este é a imagem do Deus invisível.” Os versos 13 e 14 deixam claro que estamos falando de Jesus Cristo.
O fato de Cristo ser a imagem de Deus significa que, de algum modo, o Deus invisível que nos criou e nos salvou ser tornou visível e andou em nossa esfera. Cristo participa da natureza de Deus e perfeitamente revela Deus em forma humana.
(2) O Primogênito
Jesus é também o primogênito de toda criação. Este texto tem sido frequentemente mal compreendido. Como a Bíblia interpreta o termo “primogênito”?
O primogênito humano desfruta do direito da primogênitura (Gên. 43:37) e uma porção da herança (Deut. 21:16-17). O filho primogênito de um rei recebia o reinado (2 Crôn. 21:3). Os chefes das tribos de Israel eram os primogênitos (1 Crôn. 5:12).
Todavia, em vários casos, pessoas que originalmente não pertenciam à categoria de primogênitos foram feitos primogênitos. Por exemplo, Manassés era o primogênito (Gên. 41:51), mas Efraim, o segundo, tomou seu lugar (Gên 48:20; Jer 31:9; cf. 1Crô 26:10;Êxo. 4:22).
O salmo 89 é bem esclarecedor. Descreve a bondade e fidelidade de Deus. Ele fez uma aliança com Davi e prometeu que seu trono seria preservado. Falando sobre Davi, Deus declarou no verso 27: “Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra.” Davi que era o oitavo filho de seus pais (1 Sam 16:10-11) se tornaria o primogênito. O significado disso está escrito na segunda metade do verso: Davi como o primogênito seria o mais elevado dos reis. A aliança com Davi foi finalmente cumprida no Messias, o Filho de Davi. Salmo 89:27 não enfatiza a questão de ser nascido ou ser primeiro cronologicamente, mas enfatiza o grau especial, a dignidade, e autoridade do primogênito.
Em Colossenses a questão não é se Jesus nasceu ou foi criado. A questão é que Ele é Aquele por meio de quem a criação foi possível. Isto é enfatizado no verso seguinte: Ele criou todas as coisas. Se Ele criou todas as coisas, Ele mesmo não foi criado. E nem foi também, nascido na eternidade passada. Paulo faz um paralelo entre o “primogênito da criação”, no verso 15, com o “primogênito da morte” no verso 18. Assim como Jesus é o primogênito da criação, Ele é o primogênito da morte. Mas mesmo como primogênito da morte, ele não foi o primeiro, no sentido temporal. Outros foram ressuscitados antes dEle. Ele foi o primeiro no sentido de que todas as ressurreições, quer no passado ou futuro, foram e são dependentes da Sua ressurreição. Sem a Sua ressurreição nenhuma outra ressurreição é possível.
O verso 18 mostra o significado de Jesus ser o primogênito, a saber, “que Ele mesmo virá para tomar o primeiro lugar em tudo”. Como no salmo 89 aqui também, ser o “primogênito” está associado a ser exaltado como rei supremo e governador do universo. Ele é o Rei da criação, e Ele é o Rei da ressurreição. Tanto a criação como a ressurreição são possíveis apenas através dEle.
(3) O Criador de Todas as Coisas
O verso 16 começa e termina com a declaração de que todas as coisas foram criadas por Ele e por meio dEle. A lista das realidades criadas no verso 16 é inclusiva e apresenta um quadro cósmico: céu e terra, visível e invisível, todos os governantes e autoridades. Isto não deixa espaço algum para Jesus ser parte do mundo criado. Ele criou não somente este mundo com seu sistema solar, mas todos os poderes e autoridades, e excede a todas elas.
(4) Aquele que é Preexistente
Jesus é antes de todas as coisas (Col. 1:17) Esta declaração fala de sua preexistência. Ele não apenas viveu antes de sua encarnação, mas também existiu antes de qualquer outra coisa. Não importa o quanto voltemos na eternidade, não existe um período quando Cristo não existia. Ele não foi criado ou nascido, mas é o Deus Criador.
(5) O Sustentador de Todas as Coisas
Jesus é também o sustentador (Col. 1:17). Todas as coisas que foram criadas por Jesus são agora sustentadas por Ele. O verbo indica a atividade contínua de Jesus na sustentação de todas as coisas. Em todos os tempos, mesmo durante a Sua encarnação, Jesus susteve Sua criação. Sem esta “atividade contínua de sustentação… tudo se desintegraria.[9] Nenhuma criatura é autônoma.[10]
(6) O princípio
No verso 18, Jesus é chamado de princípio ou cabeça (Col. 1:18). Paulo nesta carta usa a palavra consistentemente no sentido de “princípio” (1:16, 18; 2:10,15). Jesus é o supremo princípio. De acordo com Apoc. 3:14, Jesus é a origem ou princípio da criação de Deus.
(7) A Cabeça
De forma semelhante à idéia de autoridade deve ser compreendida (Col. 1:18; 2:10,19). O conceito de que Jesus é a cabeça do corpo, da igreja (Col. 1:18; 2:19) é ampliado em Col. 2:10. Jesus é a cabeça acima de todo poder e autoridade. Ele está assentado à direita de Deus. (Col. 3:1)
(8) Aquele Que Tem Supremacia Sobre Tudo
Jesus que criou e sustém todas as coisas terá supremacia sobre todas as coisas. Isto inclui “os últimos grandes inimigos da humanidade, pecado e morte.[11]
(9) Toda a Plenitude NEle Habita
Colossenses 1:19 atribui a plenitude a Jesus Cristo. O seu significado é desenvolvido mais adiante em Col. 2:9: “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” A própria essência da divindade é encontrada em Jesus, mesmo no Cristo encarnado. Portanto, Ele tem a habilidade para criar através de Sua palavra e por ela trazer as coisas à existência.
(10) O Reconciliador
A reconciliação de todas as coisas através de Jesus é enfatizada em Col. 1:20 e aplicada aos cristãos (verso 22). A atividade salvadora do Pai mencionada em Col. 1:13 e a atividade salvadora do Filho se referem à mesma realidade. O termo “todas” e a esfera de reconciliação, a saber, os céus e a terra, refletem precisamente o que foi dito acerca da criação no verso 16. Jesus, o Deus Criador, é Jesus, o Deus Salvador. Jesus resgatou toda uma criação universal. Ele “assume uma reconciliação universal, e… pratica um reinado universal…”[12]
c. Resumo
Quando consideradas em conjunto, estas maravilhosas descrições de Jesus enfatizam-No como criador. Ao mesmo tempo Ele é Sustentador e Salvador. Em hino mencionado e em seu contexto Paulo segue o relato de Gênesis que vai da criação (Gên. 1-2) a queda (Gên. 2) e a promessa de salvação (Gên. 3:15).
Os conceitos de criação e salvação estão inseparavelmente ligados. Portanto, é ilógico desconsiderar Jesus como Criador ou reinterpretar sua atividade criadora em um processo evolutivo e ainda mantê-Lo como Salvador. É inconsistente reivindicar que Jesus nos salvou através de sua única e definitiva morte na cruz, um curto evento na história, e manter que Ele nos criou através de um processo, que levou milhões ou bilhões de anos e envolve a morte como um mecanismo crucial.
Além disso, o poder criador de Jesus é visto no fato de que seus seguidores são recriados espiritualmente (Efésios 2:10; 2 Cor 5:17) e que Jesus criou Sua igreja (Efésios 2:15). Em Apoc. 21-22 ouvimos até mesmo de um novo céu e uma nova terra. Nenhum desses processos criativos que depende do sacrifício de Cristo na cruz requer um processo evolutivo.
Por outro lado, se é verdade que Jesus é Criador, Ele deve saber através de que processo realizou a criação. Suas palavras carregam um peso que excede a todo conhecimento humano. Uma vez que Jesus é o Criador, não podemos falar sobre o assunto de criação e os problemas relacionados à fé e ciência sem focalizar nEle e se, tomá-Lo com seriedade.
III. Aplicação
1. Tome uma Decisão
Para onde iremos daqui?
No dia 3 de fevereiro de 2009, a Universidade de Wisconsin-Madison publicou um artigo contendo uma entrevista com Ronald Numbers sobre razão ou fé. Aqui está um extrato: “Ronald Numbers, professor de História da Ciência e Medicina…, é uma das principais autoridades no mundo sobre as reações à… teoria de evolução de Charles Darwin versus criacionismo….”
Ele é “filho de um pastor adventista do sétimo dia… foi educado em escolas adventistas e cresceu crendo firmemente no criacionismo e a interpretação literal da Bíblia que sua igreja defende… Depois, enquanto fazia pós-graduação na Universidade de Califórnia, Berkeley, assistiu a uma palestra sobre as florestas fósseis do Parque Nacional de Yellowstone. O que ele ouviu naquela tarde provocou uma crise de fé que balançou o fundamento de sua compreensão do mundo e seu lugar nele. ‘Aquilo foi como uma ruptura na barreira. Admiti naquela noite a possibilidade da existência de vida na terra por 30.000 anos’, diz Numbers. ‘Uma vez que decidisse aceitar evidência científica contra as alegações inspiradas, não haveria retorno. Eu mais ou menos sabia disso naquela noite. Comecei a questionar tudo.'”
Ao explicar a crença da criação, o que ele obviamente não mais compartilha, diz: Para os criacionistas, a história é baseada na Bíblia e a crença de que Deus criou o mundo de 6.000-10.000 anos atrás…. Nós humanos éramos perfeitos porque fomos criados a imagem de Deus. E então veio a queda. A morte aparece e todo o relato [na Bíblia] se torna uma deterioração cada vez maior. Então, depois temos Jesus no Novo Testamento, que promete redenção. O evolucionismo abala isto completamente. Com a evolução, nada começa perfeito, tudo começa com pequenas coisas primitivas que se movem, que evoluem em macacos e, finalmente, humanos. Não existe estado perfeito do qual cair. Isso transforma todo o plano da salvação em uma tolice, pois jamais houve uma queda “[13]
Sem dúvida temos que tomar uma decisão: (1) aceitar o ensino bíblico sobre criação ou (2) reinterpretá-lo ou (3) abandoná-lo completamente. Para alguns de nós pode ser uma decisão difícil, especialmente para aqueles envolvidos em uma comunidade científica. Parece que a pessoa precisa escolher entre a fé e a ciência e, no entanto não deseja abandoná-las. Entretanto, também é uma decisão a favor ou contra Jesus, porque Ele é tanto o Criador como o Salvador de acordo com o testemunho bíblico.
Ainda me lembro dos estudos bíblicos que dei para uma talentosa senhora, uma bióloga que teve o privilégio de participar de uma das expedições à Antártica, organizada pelo governo alemão. Ao estudar plâncton ela decidiu acreditar na criação. Eu a convidei para discursar aos estudantes universitários das nossas igrejas, foi uma excelente reunião.
A decisão para seguir o testemunho bíblico e o exemplo de Jesus pode significar ter que nadar contra a correnteza. Além do que, significará viver com algumas questões, assim como outros, pois não temos todas as respostas aos enigmas da origem. Portanto, será uma decisão baseada na fé, confiando na própria revelação de Deus em Sua Palavra.
2. Considere as Conseqüências
Eu pessoalmente aceito esta opção como a melhor alternativa. Por quê?
(1) Porque eu confio em Jesus e na Bíblia mais do que na “filosofia” e “tradição humana” (Col. 2:8; 3:16). Cornelius Hunter escreveu: “Se é verdade que errar é humano, então a ciência é verdadeiramente humana. Da alquimia à chapa de rádio, a ciência tem uma longa história de graves erros. Mas a ciência aprende com seus erros… Os cientistas aprendem que nada é inviolável, mesmo as teorias mais populares podem ser um erro.” [14]
(2) Eu aceitei a criação porque ela me permitiu adquirir uma visão consistente da Divindade e Seu plano de salvação.
A onipotência de Deus não é questionada (Col. 1:11,16-17). Possivelmente seria, se atribuíssemos a Ele uma abordagem evolucionária para chegar à vida. Não poderia Ele fazer melhor? O Deus bíblico fala e tudo acontece.
Nem a sua imparcialidade e a sua justiça são questionadas (Col. 3:24-25). Se Deus/Jesus é capaz de criar a vida falando e tudo acontecendo, mas usasse um processo que causasse imensa dor, sofrimento, e morte para multidões de organismos, Deus seria concebido como cruel e injusto.
Criar seres humanos pelo processo da criação como descrito em Gên. 1 atesta o cuidadoe amor de Deus por Suas criaturas. Ele tem um interesse pessoais em Sua criação e em seu bem estar (col 1:12-14, 22; 2:13; 3:4). Isto é consistente com Seu ato de abnegação na cruz.
Uma perspectiva criacionista também me permite ver Deus como um ser da mais elevada inteligência (Col 2:2-3) e como um Deus de beleza que usa o melhor processo possível para criar um paraíso intocado pelo pecado e pelo mal.
(3) Eu aceito a criação porque creio que acreditar no conceito bíblico da criação beneficia a humanidade.
Não temos que viver com dupla personalidade e não temos que separar artificialmente o aspecto da fé do dia a dia.
O ser humano tem valor próprio e dignidade (Col. 1:2, 12). Ele não é produto do acaso em um processo tedioso, mas veio diretamente a existência através da mente e das mãos de Deus.
Isto permite um consistente relacionamento com Deus desde o princípio da história da terra, por parte da humanidade. Por outro lado, é Deus em Sua onipotência quem estabelece este relacionamento. Entre outras coisas, ele inclui reciprocidade, atenciosas intervenções de Deus, e Sua resposta às orações de Seus filhos (Jer. 33:2-3).
Aqueles que sabem que foram criados por Deus têm a oportunidade de encontrar o realsignificado da vida e descobrir o grande plano de Deus não somente para a pessoa, mas também para o universo (Col 1:19-20, 25-27). Eles vivem seguindo o exemplo de Jesus em amor: um estilo de vida eticamente sadio, serviço ao próximo, e testemunho (Col. 1:10, 23, 28; 2:2; 3:14).
Eles vivem com esperança da vida eterna no reino de Deus (Col. 1:5, 12-14, 27; 2:13).
Eles experimentam paz (Col. 1:2, 19; 3:15) porque podem descansar em Deus e nEle depositar suas preocupações, pesares, e ansiedade.
Conclusão
Oro para que tomemos a decisão de aceitar Jesus tanto como Criador como Salvador e nos firmemos nisto, mesmo durante tempos desafiantes. Que possamos experimentar a alegria que encontramos ao seguí-Lo.
“…pois, nele, [Jesus] foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.”